Resumo
Besita, moça pobre, porém das mais belas
da região, é objeto de desejo tanto de Luis Galvão, jovem fazendeiro,
quanto de Jão, um órfão que foi criado junto com Luis Galvão. A moça
corresponde ao amor do rico fazendeiro, mas este não tem interesse em
desposar Besita, pois ela é pobre.
Influenciada por seu pai,
Besita acaba casando-se com Ribeiro. Esse, logo após a noite de núpcias,
parte em viagem para resolver problemas relacionados a uma herança de
família e fica anos afastado. Durante o período em que Ribeiro não se
encontra pela região, Luis procura Besita, que o recebe achando
tratar-se de seu marido. Desse encontro nasce Berta.
Uma tarde,
Ribeiro retorna e, ao encontrar sua esposa com uma filha, descontrola-se
e assassina Besita. Jão não consegue evitar a morte dela, mas consegue
salvar Berta, que passa a viver com nhá Tudinha e seu filho Miguel.
Zana, uma negra que vivia com Besita, enlouquece após presenciar o
assassinato desta. Jão torna-se capanga dos ricos da região, cometendo
várias mortes e tornando-se o temido o Jão Fera.
Quinze anos
depois de assassinar sua esposa, Ribeiro retorna irreconhecível e com o
nome de Barroso. Com o propósito de vingar-se de Luis Galvão, ele
contrata Jão Fera, que não o reconhece. Porém, Berta descobre os
intentos de Ribeiro e consegue salvar Luis.
Em uma segunda
tentativa, dessa vez com a ajuda de alguns escravos da Fazenda das
Palmas, Ribeiro incendeia o canavial. Ao tentar apagar o fogo sozinho,
Luis leva uma pancada na cabeça. Quando está para ser lançado ao
canavial em chamas, Luis é salvo por Jão, que mata os responsáveis pelo
incêndio, com exceção de Ribeiro.
Após isso, Jão Fera é preso em
Campinas. Sabendo da ausência desse, Ribeiro planeja uma outra vingança,
dessa vez contra Berta. Aproxima-se dela, que está com Zana, mas nesse
momento chega Jão (que tinha se libertado) e mata Ribeiro de forma
violenta. Brás, sobrinho de Luis com problemas mentais, leva Berta para
ver a cena. Ela foge horrorizada e João, sabendo que a moça o desprezava
a partir de então, entrega-se a polícia.
Convém neste ponto
relatar a relação entre Brás e Berta. O jovem Brás possui problemas
mentais e é completamente excluído em sua família. Apesar de Brás ser
apaixonado por Berta, ela não pode corresponder aos sentimentos do
rapaz, resolvendo então ensinar o abecedário e rezas a ele. Porém, o
menino tem grandes dificuldades em aprender, tendo apenas decorado o
acento "til", que o encantava. Para facilitar o aprendizado, Berta se
autonomeia Til e passa a ensinar Brás relacionando cada coisa com nomes
de pessoas que ele conhecia.
Em certo momento, Luis decide contar
toda a verdade para sua esposa, D. Ermelinda. Em um primeiro momento ela
se entristece, mas depois passa a apoiar o marido e decide que ele deve
reconhecer Berta como filha. Dessa forma, os dois a procuram e contam
tudo, omitindo as partes desagradáveis.
Jão foge mais uma vez da
prisão e vai procurar Berta. Desconfiada que Luis Galvão e sua esposa
escondem algo, ela implora a Jão que conte toda a verdade sobre a
história de sua mãe Besita, o que Jão faz. Berta se emociona com a
história e abraça Jão, dizendo que ele sempre cuidou dela, sendo, então,
seu pai.
Luis quer que Berta vá morar com ele, mas ela nega e
pede que ele leve Miguel. Todos partem e Berta fica na fazenda com Jão
Fera e Brás.
Lista de Personagens
As
personagens de Til são arquétipos da sociedade brasileira do século XIX:
os escravos, os aristocratas, o povo pobre. A sociedade da época estava
estruturada basicamente em duas camadas sociais: de um lado os
aristocratas, grandes latifundiários e escravocratas, e de outro lado
estavam os escravos e a gente humilde do campo. Tanto na região rural,
onde se passa o romance, quanto nas grandes cidades quase não há classe
média.
Berta, Inhá ou Til: personagem central do
livro, Berta, filha bastarda do fazendeiro Luis Galvão com Besita, é a
representação típica da heroína romântica. Após a morte de sua mãe,
passa a viver com nhá Tudinha e seu filho Miguel. Muito bonita e
graciosa, atrai o carinho e o amor de todos, tendo contato inclusive com
as pessoas mais desprezadas da região. Berta é personagem central e
exerce grande influência sobre todas as outras personagens do livro.
Miguel:
filho de nhá Tudinha, mostra-se apaixonado por sua irmã de criação,
Berta (ou Inhá, como ele a chama). Por ser pobre, Miguel busca estudar
para ascender socialmente e poder se casar com Linda.
Luis Galvão:
dono da Fazenda das Palmas. Homem de muitas aventuras amorosas desde a
juventude, é sempre protegido por seu "capanga" João Fera.
Linda:
é filha de Luis Galvão e D. Ermelinda. Educada aos moldes da corte, mas
amiga de Berta e Miguel, jovens de camada social inferior.
Afonso:
irmão de Linda. Possui o mesmo espírito conquistador de seu pai e acaba
se apaixonando por Berta, sem saber que esta é sua irmã de sangue.
Jão Fera ou Bugre:
capanga dos ricos da região, é um homem temido. Sem conseguir salvar
Besita, por quem era apaixonado, passa a proteger Berta após a morte de
sua mãe.
Brás: sobrinho de Luis Galvão que
sofria de ataques epiléticos e era débil mental. Era apaixonado por
Berta (ele a chama de Til), que lhe ensinava o abecedário e rezas.
Zana: negra que trabalhava para Besita e que elouquecera após presenciar o assassinato de Besita.
Ribeiro ou Barroso:
marido de Besita. Logo após a noite de núpcias, parte para longe e fica
anos afastado. Ao voltar e encontrar a esposa com uma filha, planeja
vingança e assassina Besita. Promete vingar-se de Luis Galvão e Berta.
D. Ermelinda: elegante esposa de Luis Galvão.
Sobre José de Alencar
José
de Alencar nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1º de maio de 1829. Formado
em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo, teve intensa carreira
política como deputado, ministro e outros cargos. Em 1856 publicou seu
primeiro romance, Cinco Minutos, seguido por A Viuvinha (1857). Porém, foi apenas com O Guarani (1857), que
José de Alencar torna-se um escritor reconhecido pelo público e pela
crítica. Vitimado pela tuberculose, faleceu no Rio de Janeiro em 12 de
dezembro de 1877.Sua obra, tida como uma das maiores
representações do Romantismo brasileiro, é dividida em quatro fases. A
primeira, a dos romances indianistas, tem suas maiores obras: Iracema
(1865), Ubirajara (1874) e O Guarani. A segunda fase, a dos romances
históricos, temos Minas de Prata (vol. 1: 1865; vol. 2: 1866) e Guerra
dos Mascates (vol. 1: 1871; vol. 2: 1873). A terceira fase é a dos
romances regionalistas e tem como representantes as obras O Gaúcho
(1870), O Tronco do Ipê (1871) e Til (1871). Por fim, a última fase é a
dos romances urbanos, onde temos Lucíola (1862), Diva (1864) e A pata da
Gazela (1870).
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